sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Lenda Mexicana



O comprador de sonhos

Era uma vez no México um índio, camponês sem terra, pastor sem ovelhas... o que fazia dele um peão.
Um peão é pobre no começo e mais pobre no final, quando a força para trabalhar o abandona...
As pessoas de sua aldeia tinham terras...mas de que serve uma terra onde nada cresce?
E para não morrer de fome, o índio, desceu a “sierra mexicana” em busca de trabalho como peão numa plantação de cacau.
Durante três anos ele cuidou das árvores e colheu seus frutos... mas não era feliz... tinha saudades de sua “sierra.”
Para enfrentar seu destino sonhava com o dia em que finalmente voltaria levando consigo uma mala enorme cheia de presentes...e todos gritariam: “ele voltou...ele voltou...” E todos estariam muito felizes. Ele tinha tanta vontade de ser feliz!
Ao final de três longos anos, ele decidiu que era hora de voltar. Recebeu seu salário. Não compreendia muito bem as contas que o capataz fazia... “_Por três anos de trabalho receberá... aluguel e comida a descontar...perda de uma machadinha a descontar... por sua negligencia, dez árvores produziram menos...a descontar...eis, então, seu ganho: três moedas de cobre. O próximo!”
O índio se afastou lentamente... em sua mão apenas três moedinhas de cobre. Era tudo!
À noitinha chegou à pequena cidade mais próxima. Era alegre, movimentada...as pessoas pareciam felizes. As lojas cheias de coisas maravilhosas...mas caras. Porém, ao passar por uma vitrine de uma loja de doces, ficou deslumbrado. Havia flores, de todas as cores, de açúcar impressionantemente lindas. Uma moeda de cobre...que custava cada uma. Comprou uma charmosa rosa vermelha para presentear Panchita a índia mais linda da aldeia. Agora, com apenas duas moedas comeria pouco, e pronto!
Pouco a pouco a cidade foi adormecendo...estava cansado e sentia muita fome, mas preferiu deixar para comer no dia seguinte antes de se colocar a caminho de casa.
Foi até a uma fonte pública e bebeu muita água para distrair o estômago... já satisfeito percebeu um homem quase sem forças com uma tigela na mão tentando pegar água. Parecia muito doente. Então, o índio pega a tigela e ajuda o homem a beber a água, como se fosse uma criança...
O homem estava tão fraco que era incapaz de segurar a própria tigela e o índio sabia bem do que é que ele sofria...
O índio, então correu até um vendedor de tortilhas e pediu uma porção bem farta e pagou com uma moeda de broze... ofereceu a tortilha ao homem que comeu lentamente apreciando cada mordida.
O homem, então agradeceu e ofereceu um presente, um pequeno saco:
__É para você...A felicidade, talvez...mas eu não sei.
Eram sementes redondas e amarelas, da cor do ouro. O índio aceitou e foi embora a procura de um lugar para dormir.
Já amanhecerá na porta de um albergue. De dentro vinha um delicioso cheiro de tortilhas. O índio entrou e pediu uma para matar sua fome antes de seguir viagem...
Enquanto esperava, um homem descia pelas escadas e disse:
__Chica, traga-me rápido a comida e eu lhe contarei um belo sonho...
__Sonhei que uma deusa de cabelos longos e negros com a noite...era minha esposa. Nós morávamos bem no meio de uma floresta de ouro... aquele que colhesse um galho de ouro na floresta estaria livre da fome. Neste lugar todos eram felizes e vinham à nossa floresta e colhiam braçadas de galhos de ouro e partilhavam uns com os outros toda essa riqueza e felicidade. E eu olhava toda aquela gente e me sentia ainda mais feliz... Não é belo o meu sonho?
O índio ficou impressionado e pensou: “este homem parece ter sorte e tem tudo o que quer, não precisa de um sonho para ser feliz. Se eu gastar minha última moeda com comida, amanhã ainda terei fome. Mas, se eu comprar esse sonho, serei feliz amanhã, e depois, e depois...”
Então, aproximou-se do homem e disse:
__Quero comprar o seu sonho.
O homem ficou assustado e começou a rir.
__O que? Você quer comprar o meu sonho? Mas para que ele poderá lhe servir?
__Ele me servirá para me fazer feliz. Aqui está o dinheiro.
O índio colocou sua última moeda sobre a mesa; o homem não podia acreditar.
__Uma moeda? É pouco, mas ainda é muito para pagar um sonho. Guarde seu dinheiro eu lhe dou o sonho.
__Não estou mendigando, Quero comprar o seu sonho.
Vendo que o índio falava com seriedade e convicção, vendeu-lhe o sonho por uma moeda de cobre.
O índio saiu do albergue feliz por ter comprado um bonito sonho e já pegava o caminho quando Chica veio correndo ao seu encontro.
__Você vai para “Sierra”? Eu queria que passasse por Achulco, a aldeia onde mora minha mãe.
__E o que você quer que eu diga a ela?
__Conte a ela seu sonho. Minha mãe é sozinha e triste. Ela ficará feliz com seu bonito sonho.
__Mas, eu não sei contar história...
__Mas é o seu sonho! Quem poderia conta-lo melhor?
Ela então, entregou-lhe uma sacola com tortilhas, pão, tomates e pimenta.
__Tome! Este é meu presente para sua viagem.
Ele não pode negar o pedido e logo, à tarde chegou ao vilarejo e procurou pela mulher. Curiosos lhe seguiram até a porta da mãe de Chica, queriam saber das novidades. Logo a sala da casa estava cheia, e a mãe de Chica pediu silêncio.
__ Este rapaz teve um sonho magnífico e minha filha o mandou aqui para que me contasse. Cada palavra pronunciada é a palavra da verdade. Chica é testemunha.
Então, ele contou seu sonho e era realmente lindo e encantou a todos do vilarejo.
Pela manhã, estava de partida quando um homem veio procura-lo.
__Minha mulher e filhos moram num vilarejo que fica a um dia de caminhada daqui. Se você for passar por lá, poderia contar-lhes seu sonho?
O índio consentiu e o homem decidiu segui-lo par ouvir mais uma vez o seu sonho. E a notícia corria de boca em boca... e por varias vezes se desviou de sua rota par contar seu sonho por encomenda de alguém. Mas fazer o que? Só um louco se recusaria a dar alegria aos outros.
Até que um dia, finalmente chegou em seu vilarejo. Logo na entrada, viu um bela jovem de cabelos longos e negros com a noite, era Panchita. Seu coração palpitou forte e disse:
__Panchita, trouxe-lhe um presente. E lhe entregou a delicada rosa de açúcar vermelha.
Todos estavam felizes com sua volta. E à noite, em torno da fogueira, ele contou seu sonho a todos e mostrou as sementes de ouro que havia ganhado e uma senhora idosa aproximou-se e examinou-as e disse:
__É um grão d’ixium, o milho. Mas esta felicidade não é para nós...jamais brotará em nossas terras áridas.
__Mas vamos plantá-las... junto com meu sonho.
E numa bela manhã de outono, o índio correu até os campos e pode ver seu lindo sonho...lá havia uma bela floresta: o milho amadurecera e, de tão bonito, de tão maduro, parecia de ouro. E no meio daquela floresta dourada, Panchita dançava com os cabelos soltos ao vento, cabelos longos e negros como a noite...e, de tão bela, parecia uma deusa!
“lê revê a cheté” (Schnitzer,1977, pp. 65-84) Tradição Mexicana
Tradução e reconto Gislayne Avelar Matos
O contador de histórias é isso... um comprador de sonhos!

tenham um ótimo final de semana
beijooooooooooooooooooooooooo

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Dicas para contadores de histórias - créditos Blog do Gandavo - Laerte Vargas

1- Evite tomar gelado um dia antes e no dia da sessão,

2- Não tome suco de laranja no dia, pois provoca muco,

3- Leve uma maçã pequena para a sessão e a saboreie minutos antes sem lavar a boca depois,

4- Chegue com antecedência no espaço e caminhe por ele explorando todas as suas possibilidades e dimensões,

5- Se perceber que o ar condicionado está muito intenso, inspire suavemente pelo nariz ( para aquecer o ar ) e expire pela boca,

6- Faça exercícios para soltar o pescoço e ombros;

7- Aqueça sua voz com mantras. Se estiver acompanhado(a), peça para o outro avaliar sua projeção de voz indo até o fundo do espaço, nem baixa, nem alta demais: convidativa.
8- Abra bem a boca fazendo a,e,i,o,u e u,o,i,e,a.

9- Verifique se atrás de você existem painéis muito coloridos que possam dispersar ou “roubar” a atenção. Circulação de pessoas atrás de você, contador, nem pensar !

10- Água na temperatura ambiente sempre perto de você: um dos pré-requisitos para uma voz colorida é uma boa molhada;

11- Use um banco desconfortável: as poltronas muito “confortáveis” acabarão deixando você dobrado e com o diafragma pressionado,

12- Use roupas com cores discretas: quem tem que marcar presença é a história!

13- Quando o público entrar, já esteja no palco esperando seus convidados: assim é que se comporta um bom anfitrião.

14- Convide os ouvintes a desligarem seus celulares e solicite que, caso haja necessidade de saírem, o façam entre uma história e outra.

15- Não faça sessões muito longas: quarenta e cinco minutos de sessão envolvendo, no máximo, seis histórias é de bom tamanho.

16- Lembre-se sempre que uma sessão deve envolver contos com características bem diferentes um do outro; salvo se for uma sessão temática. Mesmo assim, procure entremear histórias viscerais e densas com outras leves e divertidas,

17- Eu, particularmente, opto por programar os contos mais longos para a primeira metade da sessão,

18- Contos de encantamento precedidos por lendas podem remeter demais à introspecção. Procure pontuar um e outro com facécias, contos de exemplo e de animais,

19- Olhe a platéia convidando. Se identificar aqui e ali um ouvinte mais desatento, conte um tempo para ele; mas com o cuidado de não torná-lo o que, às vezes, os irrequietos querem: ser o alvo das atenções.

20- Perguntas devem ser respondidas no limite exato. Não deixe que as intervenções comprometam sua sessão.

22- Não infantilize seus ouvintes impregnando a contação de diminutivos;
Seja feliz: este momento é uma celebração. Não sofra.

Visitem os blogs do Laerte Vargas, link aao lado

Beijos, bom final de semana a todos!!!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

VAMOS REFLETIR !!!!

"Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”


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"Rir é arriscar-se a parecer louco.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Estender a mão é arriscar-se a se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor
o seu eu verdadeiro.
Expor suas idéias e sonhos em público
é arriscar-se a perder.
Viver é arriscar-se a morrer.
Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.
Tentar é arriscar-se a falhar.
Mas... é preciso correr riscos.
Porque o maior azar da vida é não arriscar nada...
Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.
Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.
Mas assim não podem aprender, sentir,
crescer, mudar, amar, viver...
Acorrentadas às suas atitudes, são escravas,
abrem mão da sua liberdade.
Só a pessoa que arrisca é livre...
Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.
Não se arriscar é perder a vida..."


Soren Kiekegaard